Curiosidades sobre a história: Maria vai com as outras

 Para quem segue o meu blogue de uma forma mais regular, sabe que há uns meses iniciei aqui uma rubríca sobre curiosidades históricas. Venho hoje trazer-vos mais uma curiosidade, entre tantas outras que existem, até porque já não o fazia há muito tempo. 

Já alguma vez ouviram a expressão Maria vai com as outras? Sabem de onde vem essa mesma expressão? Não? Então estão no blogue certo! No único blogue nacional capaz de vos ensinar alguma coisa de jeito sem ser cozinhar, comprar roupa ou maquilharem-se!

A Maria que usamos nessa expressão, era a rainha D. Maria I  mais conhecida como a piedosa ou a louca. Para quem não sabe, D. Maria foi a primeira mulher em Portugal a ocupar o trono. Era filha de D. José I, o rei em funções a quando do terramoto de 1755.  D. Maria tinha também um ódio de estimação por Sebastião José, mais conhecido por Marquês de Pombal, alguém que todos nós sabemos quem é e sobre quem também já vos escrevi no passado. 

D. Maria I tinha à volta de vinte e um anos quando viu Portugal ser destruído pelo terramoto. Acreditavam na época que aquela catástrofe que assolou Lisboa e arredores tinha sido um castigo divino. Ela também pensava assim.  Pensava assim devido a injustiças que viu o seu pai e o seu ministro cometerem juntos ao longo da sua vida até então, nomeadamente o conluio que levou à execução dos Távora. Devido às injustiças que ela viu acontecerem durante o reinado do seu pai e depois de ter presenciado o "castigo divino" de 1755,  Maria jurou a si mesma que seria uma rainha justa e com a convicção que acima dela só Deus! Levou com tanta seriedade o eu legado que acabou por se tornar  quase como que um presente envenenado para ela. A quando do seu reinado e à medida que o tempo ia passando teve também de lidar com a morte dos que ela amava, como a mãe, netos, depois o seu marido e apenas dois anos depois o seu filho mais velho.  Todos estes acontecimentos levaram a que Maria entrasse em estados de nostalgia e depressão.  

Com o tempo ela foi afastada do trono devido à sua incapacidade para governar. A rainha passou a ser vista apenas quando saía junto com as suas aias para passearem. O povo começou a utilizar essa expressão  a Maria vai com as outras, cada vez que avistavam a rainha a passear com as suas aias. 

Essa expressão acabou por ser introduzida no vernáculo português para se referir a alguém que não tem opinião própria sobre determinado assunto e vai atras dos outros.  Mas coitadinha da nossa Maria, esse não era o caso dela! Foi uma rainha que quis ser tão justa com todos, tão temente a Deus, perdeu na morte os que mais amava e não queria de todo ser como o pai dela que acabou por crachar! Há quem fale que o seu confessor e uma madre em quem ela confiava bastante tenham usado esse seu lado mais devoto para a manipularem a seu bel-prazer. Mas sobre isso podemos falar noutra altura!  Se quiserem saber um bocadinho mais acerca desta monarca podem sempre ler o livro Maria I, uma obra da escritora brasileira Mary del Priore. 
                                                                                                                          

Comentários

  1. Olá, boa tarde,
    gosto deste tipo de curiosidades. Até porque é uma agradável maneira de relembrar as nossas raízes. Nem sempre foram uma razão de orgulho mas enfim é a nossa história e contra ela nada podemos :)
    Agora não se iniba de nos ensinar a cozinhar, comprar roupa ou maquilhar.
    Tudo bem arrumadinho com peso e medida, .... não faz mal a ninguém. :)
    Uma boa semana.

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  2. Olá! :)
    Nós temos uma história muito rica. É pena não sermos como os ingleses e fazermos muitas séries sobre isso. Seria uma forma de ensinar às pessoas um pouco sobre a nossa história.
    Quanto a escrever sobre maquilhar e cozinhar l
    deixo isso para as pessoas que dominam a matéria bem melhor que eu hehehehehe

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  3. Desconhecia a origem da frase e acho muito interesante.
    No ano passado e através do site da RTP, vi a série que passou há alguns anos atrás "Os Távoras" e que não tive a oportunidade de ver na altura que passou na tv.
    Essa série é muito boa e descreve a injustiça que fizeram aos Távoras, o ambiente da Corte após o Terremoto e explica bem as personalidades da Rainha e do Rei (manipulado pelo Marquês de Pombal).

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    1. Olá Antonio, obrigada pelo comentário e pela visita aqui no blogue. 😊 No fundo o Marquês de Pombal passou à história como o homem que reconstruiu Lisboa, mas no fundo ele também foi um grande faguteiro! Foi um homem ambicioso e com sede de poder
      Não se importava muito de passar por cima de quem tivesse o azar de se atravessar no seu caminho. Já vi o primeiro episódio dessa série, mas entretanto não vi mais. Tenho de ver o resto.

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